Lewis Hamilton fala sobre as diferenças da temporada da Fórmula 1 durante a pandemia

O isolamento e as medidas de segurança impostas pela organização da Fórmula 1 estão fazendo a temporada de Lewis Hamilton ser diferente. O piloto, que pode chegar ao seu sétimo título pela categoria neste ano, comentou sobre a ausência de sua família e seus amigos nesta trajetória, já que a última vez que viu seu pai, por exemplo, foi em março, antes do início da pandemia global.

“A jornada de um piloto na briga por um título pode às vezes ser solitária. Isso foi ampliado neste ano com os limites de pessoas na sua bolha. Não vejo minha família, mas estou focado e motivado como sempre. É uma maratona, não só uma corrida, então estou evitando conflito ou atenção e sabendo que, no final do ano, vou poder aproveitar um pouco mais e, esperançosamente, estar com minha família”, comentou Hamilton.

Desde o começo da competição, o britânico está em isolamento e seguindo os protocolos determinados pela Fórmula 1. Com o atraso para o início da temporada, as corridas estão acontecendo praticamente em todos os finais de semana, e Lewis só pode conviver com pessoas de sua bolha, uma norma exigida pela competição. Além disso, o piloto comentou sobre a falta que sente de ter outras atividades fora das pistas, como ir em eventos ligados à moda ou música, por exemplo, ou até mesmo praticar esportes radicais.

“No passado, eu tinha as viagens e outras coisas positivas para mim, como estar com amigos e encontrar um equilíbrio perfeito. Esse ano é muito mais difícil de implementar outras coisas que me mantenham. É um teste real e desafiador, mentalmente falando”, ressaltou.

O chefe da Mercedes, Toto Wolff, já comentou sobre o estilo de vida do hexacampeão em outras ocasiões. Ele acredita que a liberdade que Hamilton tem de viver suas paixões fora dos autódromos seja uma das causas para o piloto ser tão focado na carreira. O britânico venceu na última etapa e conquistou seu 156º pódio, batendo o recorde de Schumacher. Agora, ele está a apenas três corridas de alcançar a marca de 91 vitórias do alemão.

“Há muitos anos, decidimos - para extrair todo o potencial que existe nos indivíduos dessa equipe, não apenas nos pilotos - tentar entender como todos os indivíduos se concentram melhor. Isso é para não colocar as pessoas em caixas e restringir como elas levam sua vida. É sobre como podemos ter o melhor indivíduo possível em sua posição. É por isso que você tem de gastar tempo e desenvolver empatia pelo próprio indivíduo. Uma das coisas que não funcionam para Lewis é aplicar um espartilho ao redor dele. Ele funciona melhor quando você dá a ele a liberdade de seguir sua paixão”, disse o dirigente da Mercedes em 2018.

Sem as distrações que podia ter antes da pandemia, Hamilton já soma quatro vitórias e cinco pódios na temporada, ocupando a liderança da competição com 132 pontos. O piloto já abriu uma vantagem na primeira colocação, já que Max Verstappen é vice-líder com 95 pontos, e seu colega de equipe, Valtteri Bottas, está em terceiro com 89.

A realidade do companheiro de equipe é bem diferente de Hamilton, já que Bottas pode contar com a companhia da namorada, a ciclista australiana Tiffany Cromwell, e não tem a vida tão fácil no campeonato. O finlandês perdeu a vice-liderança no GP dos 70 anos da Fórmula 1 e ainda viu a diferença aumentar depois do representante da RBR ultrapassá-lo logo na largada em Barcelona. O piloto da Mercedes se mostrou pessimista ao dizer que as chances de título estão se distanciando dele em mais uma temporada.

“Não tenho ideia da diferença de pontos agora, mas de qualquer forma, é muito grande. Posso ver o campeonato mais uma vez se afastando. Além da primeira corrida, tem sido ruim. Não há um fim de semana que tudo tenha corrido bem, sem problemas, além do primeiro, então tem sido uma temporada ruim. Obviamente, isso é desapontador”, finalizou Bottas.

Foto: Amanda Perobelli/Reuters