Polêmicas sobre o ranking que colocou Senna como mais rápido da Fórmula 1 são explicadas por Ross Brawn e Rob Smedley

Polêmicas sobre o ranking que colocou Senna como mais rápido da Fórmula 1 são explicadas por Ross Brawn e Rob Smedley

Publicado por Equipe do Brasilvegas, 21/08/2020

A classificação de Ayrton Senna como o piloto mais rápido da Fórmula 1 pela Amazon Web Services (AWS) deu o que falar. Desta forma, o diretor da categoria, Ross Brawn, e o consultor técnico, Rob Smedley, esclareceram os comentários que rondavam o estudo. O resultado gerou dúvidas no público por ter colocado atletas mais jovens, como Jarno Trulli, Heikki Kovalainen, Charles Leclerc e Lando Norris à frente de campeões como Sebastian Vettel, Alain Prost e Nelson Piquet.

Todos os pilotos que correram na categoria desde 1983 foram observados no ranking através de uma tecnologia de machine learning (ML), que também contou com o uso de um algoritmo que normalizou o desempenho dos carros e das equipes para possibilitar uma comparação justa entre as gerações.

Observamos dois colegas de equipe, no mesmo dia, na mesma situação e com as mesmas oportunidades, e definimos um incremento de tempo entre esses dois companheiros para construir isso ao longo do tempo e ver como a média se define. Você precisa que um deles migre para outra equipe. O piloto A é mais rápido que o piloto B, o piloto B vai para outra equipe e é mais rápido que o piloto C. Então, você pode dizer que A é mais rápido que C porque A bateu B em sua própria equipe, e o B bateu o C em outra equipe”, ressaltou Brawn.

Já Rob Smedley, ex-engenheiro de Felipe Massa na Ferrari e Williams e atual consultor técnico da Fórmula 1, comentou que entende as desconfianças nos resultados dos pilotos menos experientes. Porém, ele explicou que é impossível ter uma modificação direta pela falta de chance de se chegar em um consenso.

Há algumas maneiras com as quais podemos adaptar o modelo, mas não é possível ir muito longe. Se os resultados determinam que Lando Norris está no top 20 e Juan Pablo Montoya não, então esse é um exercício muito objetivo para tentar responder uma questão subjetiva e seria errado se um de nós tentasse mudar isso, porque se a inclinação pessoal de alguém é considerar que a comparação com Lando e Montoya é errada, outra pessoa pode se sentir de forma diferente em relação a outros pilotos. É difícil para nós tentar fazer isso concordar com a opinião de todos”, disse Smedley.

Mesmo comparando os resultados dos classificatórios, as estatísticas não levaram em conta as mudanças nas regras em relação ao combustível e os motores nas sessões. Também com a justificativa de que as diferenças eram mínimas, a equipe não comparou a utilização dos pneus e dos motores utilizados nos classificatórios e nas corridas, considerando os atuais modos da unidade de potência.

Além disso, Ross Brawn explicou que os pilotos que não têm títulos ficaram em posições melhores na classificação por causa dos desempenhos superiores nas sessões. Mesmo assim, o dirigente acredita que esses não são os requisitos necessários para conquistar um título.

Eu estava falando com Steve Nielsen, que trabalhou com Trulli na Benetton/Renault. Ele disse que Trulli era incrivelmente rápido, mas ele não conseguia manter isso por mais de cinco voltas, razão pela qual ele nunca se tornou campeão. Não estou criticando Jarno. O que estou dizendo é que o fato de que alguns desses caras não se tornaram campeões porque o conjunto de habilidades não era tão forte. É o mesmo com Kovalainen. Se você olhar para seus colegas de equipe, ele teve um recorde nas classificações muito forte”, comentou Ross.

O consultor técnico britânico ainda comentou sobre o uso do método nas sondagens das contratações que as equipes fazem sobre os pilotos. Segundo ele, a Mercedes utilizou o sistema para analisar a possível contratação de Nico Hulkenberg em 2012. A vaga do alemão é ocupada por Lewis Hamilton hoje.

Quando eu estava na Mercedes, o pessoal da estratégia fez várias análises com os pilotos. James Vowles fez a análise da carreira de Nico e como ele era comparável com seus colegas de equipe, sua consistência nos tempos de volta na corrida e até mesmo tentando observar se ele consumia mais os pneus ou se pegava leve com o equipamento”, explicou.

A intenção de realizar um estudo parecido considerando os pilotos das três primeiras décadas da categoria foi citada por Rob Smedley. Mesmo tendo considerado realizar o estudo antes, a ideia foi deixada de lado pela falta de tecnologia da época. Por fim, o consultor ainda disse que a repercussão do resultados das previsões também foi debatida entre os pilotos e ex-pilotos da categoria.

Não vou te dar nomes, mas eu diria que dez pilotos do atual grid e provavelmente dez que não estão correndo responderam ao estudo. Eu sou popular em alguns lugares, mas eu diria que agora sou predominantemente não-popular com muitas das pessoas no grid”, finalizou Rob.

Foto: Getty Images

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