Vôlei passa por crise e deixa muitos atletas sem clubes na temporada

Vôlei passa por crise e deixa muitos atletas sem clubes na temporada

Publicado por Equipe do Brasilvegas, 22/06/2020

A crise causada pela pandemia do coronavírus chegou em todos os esportes e modalidades do Brasil. Depois da queda nos investimentos nos Jogos Olímpicos do Rio, a situação se agravou. O vôlei interrompeu a Superliga e muitos atletas ficaram sem contratos.

Até mesmo os jogadores que contam com medalhas de ouro no currículo, conquistadas recentemente, nas Olimpíadas de 2016, estão com inseguranças. Alguns times, sem ter uma data prevista para a volta dos jogos, já estão investindo em outras áreas, fazendo os jogadores analisarem clubes de fora do país.

Depois de quatro temporadas, Evandro Guerra, campeão dos Jogos do Rio com a seleção brasileira, saiu do Sada Cruzeiro em maio. Agora, ele tem uma marca de roupas junto de sua namorada e está estudando o esporte na quarentena.

O mercado do vôlei não está igual aos outros anos. Ele está bem complicado. Alguns jogadores já fecharam novos contratos, mas grande parte segue sem clube. É difícil estar sem time até agora. Fico preocupado, sem saber o que fazer. Em compensação, estou tentando investir em outras áreas”, ressalta Evandro em entrevista para o Estadão.

Precisamos esperar para ver como o mercado vai reagir lá na frente. Mas estou seguindo em frente. Até abri a marca de roupas Eight BE e consigo dar bastante atenção para esse novo investimento. Também procuro focar nos estudos, realizar palestras e estudar o Instagram. Está bem interessante essa parte. Já o lado profissional, apesar de ser um campeão olímpico e um bom jogador, está bem complicado”, explica.

O clube SESI-SP, que tinha Rubinho como técnico, não renovou com o elenco. O treinador, que foi auxiliar de Bernardinho na conquista de 2016, está atrás de uma nova oportunidade. Agora, o atleta está fazendo lives e dando aulas no curso nacional de treinadores junto à Federação Mineira de Voleibol.

Estou afastado do SESI desde maio. Antes, eles me avisaram que eu não ficaria na equipe em função dos problemas financeiros e reajustes que a instituição teria de fazer. Agora estou aguardando uma chance fora do Brasil. Não que eu queria sair daqui, mas acho que vou ter uma oportunidade melhor. Tenho um procurador que está analisando algumas negociações mais diretas. O importante é não desanimar”, argumentou Rubinho.

Existe um pouco mais de perspectiva fora do país. Para quem está buscando uma nova oportunidade na carreira, o melhor cenário está fora do Brasil. Lá as coisas estão um pouco mais avançadas, já que eles tiveram a pandemia um pouco antes da gente”, concluiu o técnico.

O cenário é praticamente o mesmo para Éder Carbonera, que concorda que estão surgindo grandes oportunidades para os atletas nos times estrangeiros. O campeão olímpico também se despediu do SESI, mas já tem contrato assinado com um time alemão.

O vôlei foi amplamente afetado pela pandemia. Hoje as pessoas estão pensando no seu bem-estar e o esporte acaba sendo voltado mais para a área do lazer das pessoas. Então, acaba não sendo uma prioridade e é o correto. Só que por outro lado, o vôlei já vinha com bastante dificuldade aqui no Brasil em função da crise. Tivemos bons campeonatos nos últimos anos, mas a Superliga não tinha mais o equilíbrio de bons times”, disse Éder.

Acredito que o vôlei vai ter bastante dificuldade no próximo ano. É um momento para rever os nossos conceitos no Brasil e aproveitar essa crise como uma oportunidade para recomeçar de uma forma melhor. Ter mais projeção e visibilidade", continuou.

Mesmo sendo campeão olímpico, Éder explica que foi complicado encontrar um novo clube. "Eu não arrumei um clube rápido e estava preocupado com a situação porque o tempo estava passando. Foi bem difícil. Todos estão passando por isso, por essa dificuldade, em razão dessa crise no Brasil. Estamos vendo muitos jogadores indo para o exterior justamente por esses fatores”.

O levantador William Arjona, ex-companheiro de Éder no SESI, está próximo de um novo clube e explica que sua intenção é continuar no Brasil, fortalecendo o vôlei.

Ainda não fechei com nenhum time. Os clubes estão voltando aos poucos e os atletas dependem dessa reabertura para poder avançar numa negociação. Por esse motivo, eu ainda não tenho nada concreto, apenas conversas prévias, até porque essas conversas já existiam, mas com todo esse cenário novo por causa da pandemia as coisas pararam e estão sendo retomadas aos poucos”, explica o jogador.

Quando perguntado sobre a possível falta de equipes no Brasil, William revela não ter receio e diz que existem também opções concretas fora do país.

Não é só o vôlei que está vivendo uma situação complicada, mas o esporte no geral E outras áreas também. Acredito que teremos de nos adaptar a uma nova realidade, entender o cenário e ver quais vão ser as medidas a serem tomadas de precaução para que o esporte possa voltar com segurança. Não sei se normalmente, mas da melhor maneira possível e atrativo como sempre foi”, concluiu William.

Foto: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

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